quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Carta de Renúncia do Companheiro Luiz Carlos Nunes Coelho ao Conselho Curador do IBGE

Não são todos os que se submetem. Mesmo em períodos difíceis como estes pelos quais estamos passando no IBGE, uma grande parte da categoria se põe em luta por melhores salários, melhores condições de trabalho e começa a aprofundar a consciência - parafraseando Shakespeare - de que há algo de realmente podre no reino do IBGE. A greve escancara as posições, faz cair as máscaras e exige dos conseqüentes a força e a perseverança de lutar até o fim por aquilo que acreditam ser necessário mudar.

A forma como o governo federal vem tratando os funcionários públicos federais é digno da mais sádica comédia. Tentando reeditar a postura dos tempos de FHC, o governo do PT parece ter esquecido a lição de Hegel atualizada por Marx (e que deveria ter sido ensinada em seus cursos formação) de que a história só se repete duas vezes: a primeira como tragédia e a segunda como farsa. 

A direção do IBGE entra nesta farça como o aspirante ao papel de protagonista de um enredo que atenta, por falta de originalidade, contra o próprio sucesso . No final do espetáculo, o que fica para o público é o desconforto de "já ter visto isso em outro lugar" e a certeza de que - como cantava Belchior -  o que se apresentava como "jovem novo", agora, "já é antigo".

Diante desta cena toda, a categoria continua forte em sua convicção de que só a luta muda a vida. O movimento da categoria também comprovou a tese de Rosa Luxemburgo, segundo a qual só quem se movimenta sente as correntes que o aprisionam. As manifestações desta luta se dão no âmbito coletivo, mas também no individual.

Agora mesmo, nos foi repassado um comunicado do companheiro Luiz Carlos Nunes Coelho, de Minas Gerais, que, descontente com a forma como estamos sendo tratados pelo governo e a direção do IBGE renuncia à sua vaga no Conselho Curador do IBGE. Segue abaixo a sua carta de renúncia. Que isto possa iluminar mais um pouco nossas reflexões.


"Aos Conselheiros do Conselho Curador do IBGE e demais colegas do IBGE,

Em 2009 participei da eleição para o Conselho Curador do IBGE, para um mandato de dois anos, permitindo-se a recondução para mais dois anos. Fiquei na quarta colocação, consequentemente como segundo suplente.

Por motivos de ordem médica do segundo titular, fui convocado para participar das reuniões desde então.

Devido ao fato do segundo titular ter se aposentado, em 2011 fui reconduzido já então como segundo titular.

As reuniões tem uma periodicidade trimestral, e são realizadas para apreciação das contas da Instituição, participando os setores respectivos juntamente com a Auditoria Interna, e o Diretor Executivo. A Presidente do IBGE abre a reunião, se retira e ao final dos trabalhos volta e encerra a mesma. Além do IBGE, participam três Conselheiros de outros Órgãos, que são: Ministério do Planejamento,Tesouro Nacional e Banco Central do Brasil.

Estou RENUNCIANDO ao meu MANDATO de CONSELHEIRO, pois tenho 32 anos de IBGE e durante todo esse tempo nunca convivi com um Governo tão ditatorial e uma Direção tão rápida em atender ao Governo e punir os trabalhadores. E isso de um Governo que se diz dos trabalhadores. Mesmo durante a ditadura quando fizemos greve, o tratamento foi duro mas com muito mais consideração.

A Direção se comprometeu a negociar os dias parados, BI editado pela Direção, e o Governo mandou cortar o ponto e a Direção rapidamente se submete, não cumprindo o especificado no BI que garantia a negociação dos dias parados.

Agora vem esse BI 64, apresentando a proposta do Governo e dizendo que negociará os dias parados após o fim da greve. Eu particularmente não acredito em mais nada.

Por tudo isso, não posso mais sentar a mesma mesa com essa Direção. 
 
Atenciosamente,
 
LUIZ CARLOS NUNES COELHO
SIAPE 763565 e-mail, luiz.coelho@ibge.gov.br
FUNDAÇÃO IBGE www.ibge.gov.br Agência Bicas -- MG


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