sexta-feira, 6 de julho de 2012

Nota à Imprensa - 06/07/2012



             Os trabalhadores do IBGE no Estado do Paraná estão em greve desde o último dia 27, quarta feira. A Fundação Pública Federal, ligada ao Ministério do Planejamento, já soma 19 Estados em greve, sendo que as demais unidades caminham para a adoção da mesma medida.
A adesão ao movimento grevista vem se expandindo por todos os cantos do país, fruto de insatisfações que azedam os ânimos dos servidores tanto das capitais como das agências de coleta mais distantes. São celeumas graves, que merecem a preocupação de toda a sociedade.
O IBGE, reconhecido pela população por desenvolver o Censo Demográfico, tem dezenas de outras atribuições, de modo que seus trabalhadores coletam dados sobre a produção agrícola e industrial, sobre emprego e desemprego, migração, escolaridade, condições de saúde, moradia, produzem mapas e tantas outras tarefas, sem contar o levantamento dos índices da inflação.
O trabalho do IBGE subsidia e orienta o planejamento de políticas públicas estratégicas, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Ainda que, por vezes, as menções ao IBGE quando da divulgação de dados passem despercebidas por grande parcela da população, a qualidade do seu trabalho deve ser preocupação de todos.
O motivo central da greve é o esfacelamento que a instituição vem sofrendo, que se não for contido a tempo importará negativamente na qualidade dos dados produzidos. E este é o ponto que merece as preocupações de toda a sociedade, vez que o barato pode sair muito caro.
Uma vez que a qualidade dos dados seja comprometida, não serão só programas sociais que serão mal orientados, prejudicando a redução das desigualdades sociais ainda calamitosas nesse país. Mais do que isso, recursos das mais diversas naturezas acabarão por serem mal aplicados por se basearem em premissas equivocadas, importando em grandes desperdícios de dinheiro público.
Exemplo cristalino da precarização a que o IBGE vem sendo submetido é o fato de que hoje, no Paraná, mais de 50% dos trabalhadores são temporários, os quais, embora desenvolvam atividades idênticas aos servidores efetivos, vivem em regime de trabalho que remonta os anos obscuros da idade média.
São trabalhadores que não tem direito a FGTS ou Seguro Desemprego, e por ter natureza temporária, tem seus contratos renovados mês a mês, de modo que ou se curvam às imposições muitas vezes arbitrárias e equivocadas ou estarão desempregados, sem direito a coisa alguma dentro de poucos dias.
E mesmo os servidores efetivos, submetidos a uma avaliação de desempenho da qual depende parcela de sua remuneração, vem sendo submetidos a um regime de trabalho cada dia mais extenuante, em face da ausência de concursos públicos já há seis anos para o nível médio.
Somando-se a tudo isso vem a ausência de qualquer reposição inflacionária, que já vem sendo acumulada desde 2009.
A negociação foi buscada, porém tendo seus pleitos ignorados pelo governo, restou aos servidores o caminho da greve. Outras notícias, com maiores detalhes, serão repassadas nos próximos dias. Por ora, o exposto já parece ser ensejador de algumas reflexões.


MOVIMENTOS DA GREVE NO ESTADO
           
Em apenas uma semana de paralisação, noventa e nove dos duzentos e vinte e seis funcionários efetivos do IBGE – 44% – no Paraná já se encontram em greve. Num contexto de 42 agências espalhadas por todo o Estado, mais a sede administrativa e a sede da área técnica – ambas em Curitiba -, tal cifra é considerada um sucesso para o movimento.

No próximo dia 10 de julho, terça-feira, às 9h da manhã, os funcionários do IBGE se juntarão à Passeata do Fórum das entidades do serviço público Federal do Paraná – das quais também participam UFPR, UTFPR, UNILA, INCRA, FUNAI e Ministério da Saúde. A manifestação tem previsão de sair da Praça Santos Andrade, com destino à Boca Maldita.

Em busca de manter o serviço à comunidade, ainda em tempos de greve, no próximo dia 11, quarta-feira, às 9h, os funcionários farão uma doação de sangue coletiva para o Hemocentro do Paraná – Hemepar.

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