Os
trabalhadores do IBGE no Estado do Paraná estão em greve desde o último dia 27,
quarta feira. A Fundação Pública Federal, ligada ao Ministério do Planejamento,
já soma 19 Estados em greve, sendo que as demais unidades caminham para a adoção
da mesma medida.
A
adesão ao movimento grevista vem se expandindo por todos os cantos do país,
fruto de insatisfações que azedam os ânimos dos servidores tanto das capitais
como das agências de coleta mais distantes. São celeumas graves, que merecem a
preocupação de toda a sociedade.
O
IBGE, reconhecido pela população por desenvolver o Censo Demográfico, tem
dezenas de outras atribuições, de modo que seus trabalhadores coletam dados
sobre a produção agrícola e industrial, sobre emprego e desemprego, migração,
escolaridade, condições de saúde, moradia, produzem mapas e tantas outras
tarefas, sem contar o levantamento dos índices da inflação.
O
trabalho do IBGE subsidia e orienta o planejamento de políticas públicas
estratégicas, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Ainda que, por
vezes, as menções ao IBGE quando da divulgação de dados passem despercebidas
por grande parcela da população, a qualidade do seu trabalho deve ser
preocupação de todos.
O
motivo central da greve é o esfacelamento que a instituição vem sofrendo, que
se não for contido a tempo importará negativamente na qualidade dos dados
produzidos. E este é o ponto que merece as preocupações de toda a sociedade,
vez que o barato pode sair muito caro.
Uma
vez que a qualidade dos dados seja comprometida, não serão só programas sociais
que serão mal orientados, prejudicando a redução das desigualdades sociais
ainda calamitosas nesse país. Mais do que isso, recursos das mais diversas
naturezas acabarão por serem mal aplicados por se basearem em premissas
equivocadas, importando em grandes desperdícios de dinheiro público.
Exemplo
cristalino da precarização a que o IBGE vem sendo submetido é o fato de que
hoje, no Paraná, mais de 50% dos trabalhadores são temporários, os quais,
embora desenvolvam atividades idênticas aos servidores efetivos, vivem em
regime de trabalho que remonta os anos obscuros da idade média.
São
trabalhadores que não tem direito a FGTS ou Seguro Desemprego, e por ter
natureza temporária, tem seus contratos renovados mês a mês, de modo que ou se
curvam às imposições muitas vezes arbitrárias e equivocadas ou estarão
desempregados, sem direito a coisa alguma dentro de poucos dias.
E
mesmo os servidores efetivos, submetidos a uma avaliação de desempenho da qual
depende parcela de sua remuneração, vem sendo submetidos a um regime de
trabalho cada dia mais extenuante, em face da ausência de concursos públicos já
há seis anos para o nível médio.
Somando-se
a tudo isso vem a ausência de qualquer reposição inflacionária, que já vem
sendo acumulada desde 2009.
A
negociação foi buscada, porém tendo seus pleitos ignorados pelo governo, restou
aos servidores o caminho da greve. Outras notícias, com maiores detalhes, serão
repassadas nos próximos dias. Por ora, o exposto já parece ser ensejador de
algumas reflexões.
MOVIMENTOS DA GREVE NO ESTADO
Em
apenas uma semana de paralisação, noventa e nove dos duzentos e vinte e seis
funcionários efetivos do IBGE – 44% – no Paraná já se encontram em greve. Num contexto de
42 agências espalhadas por todo o Estado, mais a sede administrativa e a sede
da área técnica – ambas em Curitiba -, tal cifra é considerada um sucesso para
o movimento.
No
próximo dia 10 de julho, terça-feira, às 9h da manhã, os funcionários do IBGE
se juntarão à Passeata do Fórum das entidades do serviço público Federal do
Paraná – das quais também participam UFPR, UTFPR, UNILA, INCRA, FUNAI e
Ministério da Saúde. A manifestação tem previsão de sair da Praça Santos
Andrade, com destino à Boca Maldita.
Em
busca de manter o serviço à comunidade, ainda em tempos de greve, no próximo
dia 11, quarta-feira, às 9h, os funcionários farão uma doação de sangue
coletiva para o Hemocentro do Paraná – Hemepar.
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