O Brasil vem enfrentando uma onda de greves em diversos setores do serviço público. Agora o setor federal é o que está paralisado. Trabalhadores técnico-administrativos das Universidades federais e docentes, totalizando 58 universidades, e os trabalhadores dos Institutos Federais de Ensino, totalizando 207 unidades de ensino, estão em greve.
Ainda há os órgãos da Funasa, Incra, Agricultura, Arquivo Nacional, Saúde, Ministério do Desenvolvimento Agrário, da Justiça, Trabalho e Emprego e Previdência Social também aderiram a greve unificada do funcionalismo público federal. Já os trabalhadores da Funa, Fisco, Policiais Federais e da Fundação Oswaldo Cruz, realizaram várias paralisações, antecedendo a deflagração da greve.
E pela primeira vez na sua história, o Itamaraty enfrentou uma greve dos seus servidores, afetando as atividades de 92 postos de atendimento brasileiros no exterior. Os trabalhadores do judiciário também paralisaram suas atividades entre os dias 4 e 5, com foco na Justiça Eleitoral, o que foi denominado como “Apagão” do Judiciário Federal e MPU.
De acordo com João Paulo Ribeiro (JP), secretário de Serviços Públicos e do Trabalhador Público da CTB, o que justifica esse movimento grevista em todo o país é justamente a ausência de um marco regulatório do direito a negociação coletiva e do direito de greve.
De acordo com o sindicalista, o setor federal ainda não obteve êxito nas negociações devido à falta de sensibilidade do Ministério do Planejamento em apresentar propostas concretas às demandas dos servidores, não propondo nenhum tipo de política salarial que trate efetivamente de correção das distorções ou perdas salariais das categorias, no último período.
"A lentidão, ou falta de interesse, em negociar com os trabalhadores públicos federais fica evidente, pois o governo realiza inúmeras reuniões, mas sem qualquer efetividade em relação às pautas de reivindicações. Estes trabalhadores, mais de 1 milhão de trabalhadores entre ativos, aposentados e pensionistas, lutam para que sejam incluídos no orçamento de 2013, pois, o prazo legal para que o governo envie ao Congresso Nacional o produto final das negociações é até o 31 de agosto. Caso o governo não envie o orçamento, os trabalhadores ficaram 2013 sem aumento, principalmente os servidores da saúde, educação, saneamento, meio ambiente, entre outros. O que é inadmissível”, afirma João Paulo.
Na opinião de JP, essa demora do governo em apresentar uma saída para o impasse só agrava a situação. "Já que o governo se comporta de forma indiferente em relação à pauta de reivindicações as greves se tornam prolongadas, muitas vezes, com poucas conquistas, com desgastes políticos e até mesmo com a judicialização do movimento”, declara o dirigente da CTB.
Marcha a Brasília
Wagner Gomes, presidente da CTB, destaca é necessário que o governo dê atenção especial aos trabalhadores do setor e ao cenário de desvalorização enfrentado pela categoria, que inclui defasagem salarial, péssimas condições de trabalho, entre outros pontos. "O governo precisa atentar para a realidade do funcionalismo público em todas as esferas, para os problemas enfrentados diariamente pela categoria. E isso só se dará a partir de um canal de diálogo aberto e com a apresentação de propostas que atendam às demandas destes trabalhadores",alertou Gomes.
O presidente da CTB deve, inclusive, participar do Acampamento, que faz parte da Marcha a Brasília, promovida pelos servidores. A mobilização que teve inicio na última segunda-feira (16) e vai até sexta-feira (20), deve mobilizar milhares de trabalhadores em Brasília. Na quarta-feira (18), acontece a Marcha dos Servidores na Esplanada dos Ministérios, quando são esperados 50 mil trabalhadores. A programação da semana se encerra com a Plenária Aberta do Fórum de Entidades, na sexta-feira (20).
Fonte original: Portal CTB - 18/07/2012
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