COMANDO NACIONAL DE GREVE DO IBGE
INFORMATIVO N° 02
Rio de Janeiro, 04 de Julho de 2012
No final da tarde de hoje, o Comando Nacional de Greve e a
Executiva Nacional da ASSIBGE estiveram reunidos com a direção do IBGE com o
objetivo de reafirmar a necessidade de a direção assumir uma postura mais ativa
junto ao governo no sentido de acelerar o processo de negociação sobre a pauta
de reivindicações da categoria, haja vista o grau de mobilização, força e
visibilidade que o movimento grevista vem ganhando nos últimos dias.
A posição da direção é a de que reconhece o movimento
grevista e que tem estado em contato com o governo. Contudo, a conversa da
direção com o governo tem se fundamentado simplesmente em uma perspectiva
gerencial, focada na delimitação do orçamento do órgão, especialmente no que
tange ao montante de recursos para a Contagem da População 2015 (cujo
planejamento deve começar no próximo ano), o que não contempla a pauta de
reivindicação da categoria protocolada junto ao governo. A direção do IBGE
assumiu que, por enquanto, não tem partido dela nenhuma iniciativa mais
incisiva de demover o governo em sua estratégia protelatória sobre as
reivindicações do movimento grevista e que ela aguardará o posicionamento do
governo até o prazo de 31 de Julho. Ficou claro que a direção do IBGE está mais
preocupada em seguir a linha do governo do que ser coerente com o seu discurso
de posse, ou seja, defender os interesses dos trabalhadores do IBGE.
A Executiva Nacional e o Comando de Greve repudiaram a ação
da direção do IBGE em convocar a Polícia Militar e contratar seguranças privados
para as portas de algumas unidades do IBGE no Rio de Janeiro. Afirmando que se
trata de uma medida preventiva para evitar conflitos entre os grevistas e os
fura-greves, a direção, contudo, não soube explicar quem se responsabilizaria
caso houvesse conflitos entre os grevistas e os seguranças privados, uma vez
que estes não estão identificados e todos os funcionários do IBGE são
conhecidos. A direção do IBGE considera o piquete de convencimento uma coação
desnecessária dos grevistas sobre os fura-greves, mas, como contra-partida, utiliza-se
de um expediente muito mais coercitivo ao chamar a Polícia Militar do Rio de
Janeiro e ao contratar seguranças privados.
Diante dos questionamentos a respeito dos encaminhamentos
que a direção do IBGE estaria tomando sobre o ponto dos trabalhadores em greve,
ficou entendido que a direção utilizará a rubrica de “falta-greve” para os dias
parados, o que não implica desconto salarial, mas ponto de negociação de
reposição dos serviços não executados no período de greve.
A Executiva Nacional e o Comando de Greve reafirmam a
garantia constitucional do direito à greve que é extensível a todos os
trabalhadores e de que o Brasil é também signatário da Convenção da Organização
Internacional do Trabalho, embora a direção do IBGE tenha admitido que existe,
de sua parte, uma orientação de que os trabalhadores temporários não podem
entrar nesta greve. Não cabe à direção do IBGE definir quem pode ou não pode
entrar em greve, uma vez que esta decisão cabe à categoria, inclusive aos
contratados, uma vez que também são trabalhadores do IBGE, diferenciado apenas
por um regime contratual altamente precarizado. Os trabalhadores temporários
têm uma pauta específica nesta campanha salarial que possui pontos que dependem
de provisão orçamentária (a questão salarial), mas que possui outros que
dependem unicamente da vontade desta direção, como é o caso do fim do
aditamento mensal dos contratos.
Muito nos estranhou algumas posições da direção ao querer
“explicar” à categoria como deveria ser realizado o movimento reivindicatório,
considerando errada a estratégia da greve, pois o governo se sensibilizaria
mais com a pauta de reivindicações dos trabalhadores do IBGE se continuássemos
a trabalhar e a produzir as informações, pois o IBGE, na visão da direção,
seria reconhecido por aquilo que ele faz. Ora, esta visão da direção não é
confirmada pelos fatos. Desde o último reajuste, a categoria vem realizando
arduamente o seu trabalho, com uma carga cada vez maior de pesquisas e o
governo não vem respondendo efetivamente às reivindicações da categoria,
protelando anualmente propostas concretas. Lembramos que nem mesmo uma operação
da magnitude do Censo Demográfico foi capaz de chamar a atenção do governo para
a justeza das nossas reivindicações. Durante todo este período, fizemos
inúmeras paralisações e manifestações pontuais, reuniões com o governo e a
direção do IBGE e nada de concreto nos foi apresentado. Além disso, coerente
com a afirmação do secretário Sergio Mendonça na última reunião, é visível que
o governo vem apresentando propostas unicamente para aquelas categorias do
funcionalismo que têm intensificado as greves, haja vista a situação do
Itamaraty e dos servidores das Universidades Federais. É esta situação que tem
levado a categoria à greve.
Ficou claro que a direção do IBGE está preocupada com a
ampliação do nosso movimento grevista, especialmente no que se relaciona com os
seus impactos na coleta dos índices periódicos, principalmente o da INPC, da
PME, além da PNAD Contínua. Foi também transparente para todos que muitas vezes
a direção do IBGE confunde seus interesses específicos como gestores com os
interesses gerais dos trabalhadores do IBGE. Um atraso na coleta dos índices
econômicos e do mercado de trabalho desgasta a imagem da direção do IBGE, mas
causa um impacto significativo sobre o governo e pode contribuir para uma
aceleração no chamamento de uma reunião de negociação.
Por conta disso, o Comando de Greve mantem a avaliação de
que devemos ampliar cada vez mais o nosso movimento grevista, especialmente no
que toca aos trabalhos das agências de coleta. É preciso dar continuidade a
nossa mobilização, agregando cada vez mais companheiros à nossa luta para que o
Governo apresente uma proposta às reivindicações com tempo hábil para que
possamos discutir com a categoria, pois não podemos mais uma vez aceitar imposições.
Com isso, talvez, a direção do IBGE tome uma postura mais incisiva em relação
ao nosso pleito junto ao governo, superando o papel cumprido até agora de
participar conjuntamente da mesa de negociações em Brasília.
Comando Nacional de Greve do IBGE
Telefones:
Executiva Nacional – (21) 3575-5757 – fax (21) 3575-5766
Paladini (RS) - (21) 9445-6924
Cássius (PR) – (44) 9806-7722
Suzana (RJ) – (21) 9187-8833
Matheus (RS) – (51) 9798-9728
Na internet:
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