quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nota do Comando de Greve: A Precarização do Trabalho no IBGE
























Os trabalhadores do IBGE exercem cotidianamente uma atividade de enorme responsabilidade. Comumente reconhecido pelo Censo Demográfico, as pesquisas que coletamos e divulgamos periodicamente, contudo, abrangem uma grande heterogeneidade de temas: produção industrial, vendas do comércio, prestação de serviços, índice mensal da inflação, produção agrícola e pecuária, cálculo periódico do PIB nacional, número de empregados e desempregados, índices salariais, investigação das condições de moradia, saúde e qualidade de vida da população brasileira. Não são pequenas as implicações econômicas e sociais que influenciam o trabalho do IBGE.

O conhecimento mais próximo possível da realidade brasileira depende da qualidade das informações coletadas diariamente pelos trabalhadores do IBGE. Problemas na coleta de índices de preço, da produção industrial e agropecuária, do movimento do comércio e dos serviços, do monitoramento do mercado de trabalho e salários, das condições e qualidade de vida da população não apenas prejudica o conhecimento fiel da realidade brasileira, como atinge negativa e diretamente a formulação de políticas públicas que tenham caráter efetivo na solução dos nossos históricos problemas sociais.

Diante da importância estratégica que o IBGE tem frente à sociedade, manda o bom senso que a instituição deva providenciar condições ótimas para o desempenho deste trabalho. Entretanto, não é isto que vem acontecendo. Boa parte do trabalho do IBGE vem sendo executada por funcionários submetidos a contratos temporários precarizados, com remuneração inferior a R$ 800, sem direito a FGTS, a Seguro-desemprego e que têm seus contratos renovados mês a mês. No Paraná, cerca de 50% do quadro de funcionários é composto por trabalhadores nestas condições. Embora eles desenvolvam atividades idênticas aos servidores efetivos, vivem em regime de trabalho que remonta às condições do século XIX. Por terem seus contratos aditados mensalmente, são suscetíveis a possíveis imposições arbitrárias e equivocadas das chefias, podendo ficar desempregados, sem direito a coisa alguma dentro de poucos dias.

Se, para a instituição, esta precarização impacta diretamente a qualidade das pesquisas – uma vez que influencia na motivação dos temporários ao trabalho –, a situação pior recai sobre as costas do trabalhador. Exemplo disso pode ser verificado em recente ocorrência na região metropolitana de Curitiba. Durante a coleta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD,) na região de Fazenda Rio Grande, um funcionário temporário começou a se sentir mal e, não tendo como recorrer a nenhum serviço público de saúde de emergência e não tendo nenhum convênio de saúde privado, teve que recorrer a uma clínica particular. O preço do atendimento corroeu metade do seu salário mensal.

Hoje, em assembléia geral dos trabalhadores do IBGE que, diante da negativa do governo em atender as nossas reivindicações, decidiu-se pela continuação da greve por tempo indeterminado, os trabalhadores reunidos fizeram uma arrecadação voluntária de dinheiro com o objetivo de minimizar – pelo menos pecuniariamente – os sofrimentos do colega. É a solidariedade dos trabalhadores ocupando o espaço vago deixado por uma política de precarização aplicada pela direção do IBGE.

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